Até que chegou um momento em que me convenci a mim mesmo de que um projecto destas características tinha que estar totalmente pilotado e controlado por mim. Eu tinha que poder trabalhar, modificar e actualizar o poemário em qualquer momento, muito especialmente sabendo que se tratava de uma experiência pioneira, quando menos desde o ponto de vista pessoal. Em consequência, falei com a pessoa que ia ser o meu editor –à que devo agradecer-lhe a sua compreensão–, a quem lhe expus a a necessidade que eu via de apostar na editoração eletrônica. Por outra parte, para qualquer editora este projecto significava uns custeios de produção altos e dificilmente amortizáveis. É o problema de um modelo de edição não definido no seu processo de exploração comercial.
Portanto, decidi editorar eu mesmo o livro, como fizera com o meu primeiro poemário (Persianas, pedramol e outros nervios, 1992). Isso sim, agora tinha diante de mim necessidades bem diferentes. Porque, enquanto este tipo de processos de edição não se popularizem para facilitar o uso quotidiano, os criadores e criadoras temos que ter algo de tecnologista. E, além disso, devemos deitar mão de pessoas que saibam programar e desenhar. E aqui chegado, devo agradecer-lhe a Kris Darias e ao seu Estudi Llimona o seu trabalho e a sua aposta por este projecto.
Agora, Poétic@ é inevitavelmente digital e devo confessar que a busca e associação de recursos –embora laboriosa– foi um trabalho tão criativo e gratificante como o próprio processo de escritura, que fui renovando e atualizando dia a dia num processo infatigável. Nesse sentido, é um livro inovador. E, ademais, um livro vivo, cambiante, que posso atualizar quando a oportunidade mo dite. Mas também devo confessar que a edição digital me obrigou a mudar a forma de conceber o texto, modificando-o e fazéndo-o mais flexível.
Por exemplo, uma das características da versão anterior de Poétic@ é que muitos poemas careciam de título. A necessidade de habilitar uma url diferenciada para cada poema obrigou-me a titular todos e cada um dos poemas.